O solo urbano 
Toda projeto de edificação é uma grande oportunidade de se construir cidades. Seja ele de pequeno ou grande porte, é necessário ter a consciência do desenho, de como o volume toca o solo da cidade, de como se trata os fluxos dos pedestres, os vazios, espaços abertos que permite o fluir do olhar e a construção da paisagem. 
A proposta deste projeto visa a consolidação do espaço fluido da cidade. A relação entre cheio e vazio procura se “amarrar” ao entorno, permitindo conexões visuais e promovendo uma circulação que se aglutina no grande ponto nodal da praça Rio Branco, no eixo da Avenida Afonso Pena. A paisagem criada anteriormente no desenvolvimento da cidade permite, e pede, um marco que satisfaça a vocação do lugar. Porém, é notável a “construção” do vazio do eixo central que corta o terreno de atuação. Implantar a edificação proposta tem de levar em consideração esta premissa e de tudo que a envolve. O grande personagem da história é o cidadão. 
A implantação do Centro Administrativo da capital está numa das bordas do eixo central, permitindo o fluxo das pessoas ao longo do eixo formado pela avenida Afonso Pena - praça Rio Branco - rodoviária. A volumetria do edifício parte da relação do fluxo do solo urbano, da fluidez do espaço de circulação. O edifício possui três frentes, três situações urbanas e o mesmo propósito que é a criação da paisagem, do lugar. A proposta interrompe o comprimento das ruas Paulo Frontim e Saturnino de Brito a fim de permitir de fato a construção deste vazio central. A rodoviária faz parte da paisagem, como parte do solo urbano com seu terraço-jardim esquecido. O potencial deste terraço foi um dos fatores que nortearam o projeto. 
O estudo do nível do terreno ao longo do eixo se pautou pela integração dos platôs. A parte inferior da praça Rio Branco é próxima do nível do terraço da rodoviária. Com a interrupção das vias, o nivelamento do passeio foi permitido. Desta nova circulação, parte a construção dos espaços públicos, cívicos. Em um dos lados, a praça cívica do Centro, integrada à rodoviária. No outro lado, a praça da secretaria, uma grande laje que cobre o atendimento público do Centro Administrativo. O nível desta praça está no embasamento da edificação, garantindo ao edifício histórico o protagonismo inerente ao local.  

Um novo parque para a cidade 
Do platô geral proposto pelo nivelamento do solo, partem duas passarelas em direção à praça do Peixe. 
Esta nova “camada” da cidade vence a barreira da avenida do Contorno e do ribeirão das Arrudas. É uma oportunidade de estender o solo cívico na escala da edificação central. O emaranhado de vias é coberto em parte por este parque suspenso, garantindo uma circulação natural entre o bairro e a avenida Afonso Pena. O plano envolve a estação de trem do outro lado da margem do ribeirão, facilitando a circulação já existente hoje para o pavimento superior daquela edificação. Na região das vias, a laje se expande formando um grande plano de permanência, estimulando o uso para o lazer, feiras e eventos. A conexão com a praça do Peixe, em um nível mais baixo, é feito por escadas, que permitem que a área do parque se conecte com o plano da antiga praça. A relação de altura da laje com o gabarito do bairro procura um diálogo sutil, preparando o pedestre à porta de entrada do centro. 

O programa 
A distribuição programática se baseou no tipo de uso de cada componente. Para os auditórios, a localização preferencial foi nos pavimentos inferiores devido ao número de usuários que se deslocarão ao mesmo tempo. Acessos rápidos com escadas minimizam o uso dos elevadores.  
Os consultórios estão localizados no segundo pavimento. Como uso coletivo, foi disposto próximo dos demais usos com o mesmo caráter (auditórios). Enfim, o embasamento do edifício, térreo, primeiro e segundo pavimentos destinam-se à atividades gerais, não específica a alguma secretaria.  
As seis salas de reunião de 100m² cada, forma dispostas na parte central do corpo do edifício. Como será um uso compartilhado entre as secretarias, o pavimento escolhido dividirá a sequência dos pavimentos-tipo das secretarias. Para cada pavimento-tipo haverá duas secretarias. Como o desenho do pavimento é aberto, há a possibilidade de haver poucas ou muitas divisões entre elas. 
Dos 34 pavimentos acima do solo, 3 pavimentos serão para auditórios e consultórios, 1 para as salas de reuniões de 100m² e 30 para as secretarias. Cada pavimento das secretárias tem a área de 2.450m². 
Para o subsolo, além da ligação com o metrô e com a rodoviária, haverá lojas e cafés. Futuramente, quando a rodoviária deixará o local, há a possibilidade da expansão das lojas onde foi proposta a sequência de vagas dos ônibus. A rua de acesso dos ônibus daria lugar a um calçadão, com acesso restrito à carros. Neste nível de acesso ao metrô, foi disposta uma entrada para o edifício do Centro Administrativo (além da entrada do nível da praça), aproveitando o intenso fluxo de funcionários que chegará ao local de metrô. Os níveis 840.00 e 843.00 ficarão às funções administrativas do conjunto. 
O Atendimento Público se desprende do conjunto indo em direção ao terreno da Secretaria. É uma região interessante devido ao fácil acesso da população ao local. A comunicação com a função administrativa do edifício é rápida e garante a independência de funcionamento entre as partes. 
O estacionamento ficou nos níveis mais abaixo, 837.00, 834.00 e 831.00 totalizando 500 vagas de veículos. 

Técnica 
O edifício será estruturado com pilares de concreto armado e lajes nervuradas obedecendo uma distribuição padrão. A caixilharia com estrutura metálica ajudará a estabilizar todo o conjunto do volume, suportando os balanços das lajes.  
A envoltória do edifício será de vidros laminados com película escura que ainda permite a visualização interior e placas de madeira internamente se ajustará às necessidades solares de cada época, garantindo um conforto térmico e luminoso. As placas, além da função protetora, marca a arquitetura do volume, permitindo um jogo de luz e sombra que faz de cada face única, mutante. 
Todos os pavimentos possuem forro e piso elevado para as infraestruturas necessárias. 
No subsolo do conjunto estão os equipamentos de ar-condicionado e geradores de eletricidade.