Buscou-se com a presente proposta para a nova Sede do IAB/DF e CAU/BR em Brasília o alinhamento dos diversos aspectos que caracterizam a cidade, ponto alto da exemplar arquitetura brasileira do século XX. A racionalidade e a franqueza dos espaços que caracterizam o espírito da capital passam a ser, portanto, componentes qualitativos que nortearam a concepção do projeto, do partido à elaboração dos demais aspectos construtivos.
Assim, visando cumprir a orientação referente à criação de espaços distintos para a duas instituições, o partido da proposta se desenvolve em dois blocos autônomos, dispostos longitudinalmente ao longo do terreno, abrigando os usos cotidianos principais de cada uma das entidades.
Formados por dois pavimentos, a relação espacial entre os volumes se dá através de um átrio central resultante do recuo de 16 metros entre eles, além das demais áreas técnica, de apoio e circulação, que são compartilhadas tanto no térreo livre derivado da elevação dos blocos, quanto no embasamento semienterrado da construção, que se forma no aproveitamento da declividade do terreno.
A composição se completa com o bloco de circulação vertical que cumpre, além da relação funcional entre as duas unidades, o papel de mediador formal dos dois blocos, apresentando-se, junto ao átrio, como um elemento vertical de contraponto à predominante horizontalidade do conjunto.
Tal organização permitiu o integral cumprimento do programa em relação aos índices máximos construtivos, devido à exata divisão nos blocos das metragens correspondentes as áreas específicas de cada instituição, aliado ao compartilhamento das áreas que abrigam atividade que permitem seu uso combinado.
Dessa forma, serão previstos no subsolo as áreas de estacionamento e demais compartimentos técnicos para uso das duas unidades; no térreo, além da circulação de acesso aos pavimentos, o Centro Cultural do IAB/DF e a plenária do CAU/BR tiram proveito do franco acesso que caracteriza o pavimento livre sob pilotis, conectado às praças integradas, ladeadas por um sistema de espelhos d`água.
A divisão dos programas institucionais prevê o bloco frontal abrigando o IAB/DF com a área corporativa alocada no primeiro pavimento, e sua sede no segundo; o bloco posterior concentra as áreas administrativas, documentais e atendimento de uso do CAU/BR. Em ambos os blocos a distribuição dos compartimentos concentra-se no perímetro dos pavimentos, restando o as áreas de apoio como sanitários e depósitos junto a um átrio secundário no centro das lajes.
A configuração formal e espacial do projeto deriva diretamente da solução estrutural e construtiva proposta, buscando refletir em sua linguagem a postura racional de seu partido, bem como as considerações concernentes aos seus aspectos materiais – eficiência, custo e tempo de construção.
Da solução convencional em concreto que configura a malha regular do embasamento semienterrado da construção, parte-se para o sistema estrutural metálico, permitindo então uma considerável redução no prazo de montagem.
Com isso, o quarteto de pilares centrais junto aos átrios internos de cada bloco alinha-se aos eixos de vigas duplas que compõem, com os demais eixos secundários de vigas, a malha horizontal de cada pavimento. Completam o sistema, além dos pilares auxiliares periféricos, duas vigas superiores que, apoiadas sobre os pilares centrais, minimizam os esforços nos balanços dos blocos através do atirantamento das vigas e das lajes do volume de circulação vertical.
Ao atravessar o átrio central, a função compositiva das vigas duplas invertidas se evidencia, assim como a membrana metálica que percorre, no nível superior, o sistema bloco-átrio-bloco, conferindo unidade ao conjunto. O material empregado, chapa metálica perfurada, reforça sua função plástica pois ao mesmo tempo que fornece à obra uma expressão tátil permite a fiel leitura no objeto dos seus diversos componentes e articulações, conferindo assim o caráter tectônico da linguagem formal da proposta.